Dos assentamentos de lavoura autónomos ao projecto situado com expressão moderna. Colonias Agrícolas Portuguesas construidas pela Junta de Colonizaçao Interna entre 1936 e 1960.

 

A Junta de Colonização Interna (JCI) foi criada em 1936 com o intuito, entre outros, de instalar casais agrícolas nos baldios e propriedades do estado e nos terrenos entretanto irrigados pelo Plano de hidráulica agrícola. Apesar da grande dimensão inicial dos seus objectivos, ao longo de 25 anos, procurando responder a diversos objectivos políticos e sofrendo inúmeras pressões sociais, a JCI apenas construiu 512 casais organizados em 7 colónias agrícolas.

 

Quando se visitam as colónias, para além da sua capacidade de inscrição no território e do reconhecimento de uma identidade comum, surpreende a diversidade dos modelos de estruturação do território, de conformação dos assentamentos e da expressão arquitectónica dos edifícios.

 

Neste contexto, e na temática do presente Congresso, interessa, nesta comunicação, identificar as sete colónias agrícolas; e questionar a diversidade aferida.

 

A constituição e configuração do conjunto das 7 colónias, e de cada uma em particular, não decorreu de um projecto único, pontual e fechado, foi antes consequência de um processo longo, reflexo quer das pressões, visões e programas que cruzaram a formação e amadurecimento da própria JCI. Proponho circunscrever 4 momentos desse tempo longo que permitem reconstruir as premissas, programas, referências, influências e convergências de temas que informaram os projectos.

 

Deste modo será possível compreender a existência, num 1º momento, de assentamentos de lavoura autónomos, onde as questões arquitectónicas são menorizadas; num 2º, de conjuntos de “aldeias-jardim” onde a imagem do Lar, enraízado na região, é engrandecida, e o tema da construção da paisagem se torna central; num 3º, do investimento nos equipamentos da assistência e conjuntos dos “centros sociais”, abrindo espaço à experimentação do moderno; e num 4º, à procura de uma expressão e composição arquitectónica moderna desenhada a partir de uma atenção cuidada ao sítio específico onde se insere.